sábado, 7 de março de 2009

O seu professor é um alienígena?


Polyana Pimenta

Uma amiga sempre dizia que “A felicidade é um caminhão em alta velocidade, que passa uma vez só na sua vida. E quando ele passa, você tem que pular em cima e se agarrar com as duas mãos para ir com ele.”.
No mundo da Internet, da televisão a cabo, do livro virtual, do power point, do consumismo, as relações humanas são muito rápidas e superficiais.
Não, mas eu não vou falar de amor romântico. Vou falar de amor pelo ser humano e principalmente do amor em ser professor.
Quando se ensina, o que se busca é transmitir ao estudante a arte de aprender, de buscar um conhecimento que seja útil na vida real, sem abstrações desnecessárias. Acreditando firmemente na capacidade do aluno de também participar do aprendizado do professor e de se integrar na sua própria vida, como estímulo e recompensa.
Ser professor no nosso país é uma escolha vocacional. Não se trata de buscar o melhor emprego ou o melhor salário, mas trabalhar no que se acredita, na construção de um mundo de valores e compreensão mútua.
O ingresso no Magistério foi um projeto meu que se iniciou ainda na Alfabetização, pois admirava muito os meus professores e desejava profundamente um dia poder ter conhecimentos a transmitir e fazê-lo da mesma forma fascinante que me eram transmitidos. Uma vizinha então tratou de me dar um conselho (inútil) que não esqueci: “Minha filha, escolha outra profissão, pois como professora você irá morrer de fome.”. Tal conselho me deixou muito triste, pois não se tratava de uma escolha e sim de um sonho, motivo pelo qual não pude desistir.
E foi assim que, ainda com dezessete anos, tive a minha Carteira de Trabalho assinada pela primeira vez e como Professora, à época Professora de Inglês. Tive, então, muitas alegrias. Realizava algumas aulas de música e elas eram bem animadas. Fizemos aulas à beira-mar, sob a luz da lua, com jogos e brincadeiras. Boas recordações.
Dois anos após me formar, fui ser Professora na Universidade. E a experiência foi um pouco diferente, mas também muito boa. O que mais importava sempre passou pelo contato com o ser humano, com o aprendizado que necessariamente acontecia, e principalmente pelas idéias lançadas.
Recentemente, entretanto, surgem algumas reflexões.
O professor tenta semear, o terreno nem sempre está preparado para deixar a semente germinar. Não tem espaço para se fazer ouvir, sem condições de deixar falar.
Vozes ao redor, ansiedades visíveis, angústia e pesar. O caminhão está passando, mas ninguém quer pular nessa aventura deliciosa. A estagnação toma conta, a perplexidade domina quem consegue vê-lo passar.
Onde estão os aprendizes? São Jorge talvez possa explicar. Ou talvez os marcianos possam dizer que na realidade é o professor que veio de outro planeta.
Amo, amo a arte de aprender.
E apesar de, às vezes, não entender bem o que se passa, o coração fala mais alto e lá se chega mais um dia em sala de aula, onde marcianos e moradores da lua se encontrarão, todos transbordando de amor e esperança, e com a ousadia necessária para que não se conformem em ser “another brick in the wall”(Pink Floyd).
Afinal de contas, “Só se Vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” (Antoine de Saint-Exupéry)


Natal, 24 de Outubro de 2006.

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