terça-feira, 31 de março de 2009

CAMINHAR

Vim então A refletir Sobre caminhos Caminhos que se encontram Caminhos sonhados Caminhos perdidos Caminhos até esquecidos Quanto caminhar Ao olhar para trás E se envolver Numa lembrança sagaz Não faz tanto tempo Eu era uma criança Traquina até E cheia de esperança Imaginava eu Que caminho trilhar De freira, executiva ou médica Por onde começar Mas caminhos se atravessaram No meu crescer E o destino fez-me autoridade Sem eu ao menos perceber Urubus, às vezes Encontram pouso na estrada Desencanto, decepção, desconfiança A alegria se estraga A essência não se perde Nem cessam os passos Em trilhas e estradas Também são muitos os abraços Abraços de quem caminha Lado a lado a permitir Experiências compartilhadas E um coração a sorrir Sorriso ameno e fraterno De pessoas surpreendentes a relembrar Que amigos são importantes e indispensáveis Nesse eterno caminhar. Polyana Pimenta. Natal, 31/07/2007.

terça-feira, 17 de março de 2009

PARA MEU FILHO

Polyana Pimenta

Frutinho querido
Pendurado em meus braços
Vieste das minhas entranhas
Invadiste meu abraço.

No começo foi um sonho
Alimentado pelo amor
Esperado com ansiedade
Acolhido como uma flor.

Sua vida deu sentido à nossa
Seu olhar nos acalmou
Seu amor contagiou-nos
Sua felicidade nos atou.

Meu filho, Vitinho
Pra você tudo
Tudo que possa
Te fazer feliz.

Amar-te é uma benção
Privilégio sem medida
Agradeço aos céus
Por você todos os dias.

Amado filho, no seu aniversário
Uma benção quero te dar
Amor, felicidade, saúde e paz
E Jesus sempre a te acompanhar.

Natal, 05/09/2007.

LUZES

Polyana Pimenta
Na imensidão do teu olhar
Encontro as estrelas
Iluminando o meu pensamento
Descobrindo sua beleza

O céu tão azul
Traz-me a poesia
E um mundo muito louco
Eu transformo em fantasia

A lua me inspira
Me deixa uma pessoa sonhadora
Me perco em seu manto prateado
E na sua missão vencedora

Ao todo vejo algo estranho
Acho um paraíso
Seres diferentes
E a razão do meu sorriso.

Natal, sem data.
Há, pelo menos, quinze anos.

domingo, 8 de março de 2009

Mulher, mas uma borboleta

Polyana Pimenta

Mulher
Mulher gente
Mulher povo
Mulher empregada
Mas mulher honrada.

Dona-de-casa
Cozinheira
E mal paga
Ainda por cima desprezada
Mas mulher brava.

Operária-mãe
Mãos calejadas
Não existe sonho
Existem crianças esfomeadas
Mas mulher corajosa.

Mãe sofrida
Desesperada
Injustiçada
Mulher inferior
Mas mulher de esperança.

Mulher de esquina
Rodando a bolsinha
Mulher objeto
Lutando pela vida
Mas mulher de garra.

Mulheres e homens
Discriminando a si mesmos
Sem se dar conta
do valor da mulher
E da importância do homem.

Natal, 1990.

Postei esta poesia hoje, feita há muitos anos, justamente por falar nas mulheres e para comemorar este dia.

sábado, 7 de março de 2009

O seu professor é um alienígena?


Polyana Pimenta

Uma amiga sempre dizia que “A felicidade é um caminhão em alta velocidade, que passa uma vez só na sua vida. E quando ele passa, você tem que pular em cima e se agarrar com as duas mãos para ir com ele.”.
No mundo da Internet, da televisão a cabo, do livro virtual, do power point, do consumismo, as relações humanas são muito rápidas e superficiais.
Não, mas eu não vou falar de amor romântico. Vou falar de amor pelo ser humano e principalmente do amor em ser professor.
Quando se ensina, o que se busca é transmitir ao estudante a arte de aprender, de buscar um conhecimento que seja útil na vida real, sem abstrações desnecessárias. Acreditando firmemente na capacidade do aluno de também participar do aprendizado do professor e de se integrar na sua própria vida, como estímulo e recompensa.
Ser professor no nosso país é uma escolha vocacional. Não se trata de buscar o melhor emprego ou o melhor salário, mas trabalhar no que se acredita, na construção de um mundo de valores e compreensão mútua.
O ingresso no Magistério foi um projeto meu que se iniciou ainda na Alfabetização, pois admirava muito os meus professores e desejava profundamente um dia poder ter conhecimentos a transmitir e fazê-lo da mesma forma fascinante que me eram transmitidos. Uma vizinha então tratou de me dar um conselho (inútil) que não esqueci: “Minha filha, escolha outra profissão, pois como professora você irá morrer de fome.”. Tal conselho me deixou muito triste, pois não se tratava de uma escolha e sim de um sonho, motivo pelo qual não pude desistir.
E foi assim que, ainda com dezessete anos, tive a minha Carteira de Trabalho assinada pela primeira vez e como Professora, à época Professora de Inglês. Tive, então, muitas alegrias. Realizava algumas aulas de música e elas eram bem animadas. Fizemos aulas à beira-mar, sob a luz da lua, com jogos e brincadeiras. Boas recordações.
Dois anos após me formar, fui ser Professora na Universidade. E a experiência foi um pouco diferente, mas também muito boa. O que mais importava sempre passou pelo contato com o ser humano, com o aprendizado que necessariamente acontecia, e principalmente pelas idéias lançadas.
Recentemente, entretanto, surgem algumas reflexões.
O professor tenta semear, o terreno nem sempre está preparado para deixar a semente germinar. Não tem espaço para se fazer ouvir, sem condições de deixar falar.
Vozes ao redor, ansiedades visíveis, angústia e pesar. O caminhão está passando, mas ninguém quer pular nessa aventura deliciosa. A estagnação toma conta, a perplexidade domina quem consegue vê-lo passar.
Onde estão os aprendizes? São Jorge talvez possa explicar. Ou talvez os marcianos possam dizer que na realidade é o professor que veio de outro planeta.
Amo, amo a arte de aprender.
E apesar de, às vezes, não entender bem o que se passa, o coração fala mais alto e lá se chega mais um dia em sala de aula, onde marcianos e moradores da lua se encontrarão, todos transbordando de amor e esperança, e com a ousadia necessária para que não se conformem em ser “another brick in the wall”(Pink Floyd).
Afinal de contas, “Só se Vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” (Antoine de Saint-Exupéry)


Natal, 24 de Outubro de 2006.