segunda-feira, 24 de maio de 2010

RENASCER

Polyana Pimenta

Despeço-me
Num vão sorriso
Próprio de quem
Não se permite
Entristecer

Desfaço-me
Como consequência
De vislumbrar
Um raio de sol
No entardecer

Reviro-me
Sem muita resistência
Perfumes antigos
Dor e saudade
Esquecer

Desmancho-me
Numa alquimia perfeita
Metal dourado vira
Pedra fosca
Sem explicar pra quê

Parto-me
Como que em migalhas
Diluídas em uma bebida
Amarga e volátil
Que não se precisa beber

Dispo-me
Mais uma vez
De uma inspiração
Abandono o sonho
Sem mais sofrer

Derramo-me
No rio da vida
Rápido, sem prumo
Margem retraída
Leito a correr

Encontro-me
Ninho, aconchego
Reconstruída
Mulher e ponto
Certa para viver
Natal, 24 de Maio de 2010.